sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A consequência de sentir demais

Hoje eu decidi tirar todos os entulhos que me afligem e pesam dentro de mim. Não pensei ao decorrer dos tempos que algum dia fosse dizer isso, mas sentir demais cansa, pesa e frustra. Só não cansa mais pelo fato consumado de que viver vazia e ver só os ventos frios nos encherem por dentro é indiscutivelmente pior (digo por experiência própria). Sentir mutuamente às vezes dá um baita trabalho pra quem carrega essa febre sem antídoto. Cansa sentir demais porque no fundo, mesmo que não diga, mesmo que esconda, mesmo que não demosntre - por razões justificáveis e plausíveis - a gente só quer sentir que o outro entrega tudo de si quanto nós estamos dispostos a entregar tudo da gente. E quando não é assim que funciona? Essas controvérsias, as omissões que no decorrer do tempo, deixa tudo que tem a se oferecer trancafiado numa caixa, e esquece que receber também é dar. O que antes parecia estar entrando nos eixos, hoje parece estar andando em ovos, e qualquer movimento repentino e brusco pode fazer tudo se quebrar e ir por água a baixo. Sentir demais me dá nos nervos, na hora da raiva faz um vulcão entrar em erupção e soltar lavas pra todos os lados, e logo vem culpa e remorço por tamanho descontrole momentâneo. Vem consciência quando a raiva passa, e vem a razão pra mostrar que agir com emoção nem sempre é a escolha certa e resolutiva. Mas quem é que vai acalmar os nervos quando causam proposital ou acidentalmente os nossos desabamentos? Daí vem a tristeza de pensar que poderia ter sido diferente o rumo da situação se o orgulho não alarmasse por dentro e cegasse, bloqueando o ato de pensar antes de agir e/ou falar. Mas por outro lado, vejo que às vezes soltar tudo não faz tão mal, pois acumular o que se sente causa angústia e estresse. Mas é automático, imprescindível, a gente percebe quando o outro não se importa, ou pelo que consta, não mostra o contrário, e com a decepção de achar que não signifca tanto quanto a pessoa significa pra gente, pra não mostrar fraqueza acaba fazendo o mesmo por capricho; o que no fim das contas faz tudo se desestruturar por falta de atenção e cuidado em pequenos detalhes que como dizem e é mesmo verdade, fazem toda a diferença. Sentir demais me deixa perdida, gera conflitos internos e implosões que quando chega a um certo ponto, faz mal. Eu desabo o tempo todo internamente, e quando não cabe mais tanto entulho dentro de mim, eu acabo explodindo.

Agora venho aqui, me derramar em palavras, pois como li em algum lugar: quando o coração sente, as mãos escrevem. Todo e qualquer tipo de sentimento é válido a apartir do momento que nos faz crer que viver tem suas vantagens e desvantagens. Nas minhas crises existenciais e emocionais - em principal - quando os sentimentos negativos me assolam e criam mil nós na garganta com a vontade de chorar e sumir pra ver se passa. Não passa, durmo e alivia. Mas não passa. Choro algumas noites consecultivamente, me isolo em barreiras formadas pela fossa quase depreciva - isso se não for - e dramatizo tudo em volta, como o fato de não aparecer ninguém pra arrancar os males desses sentimentos de mim, mesmo sem eu falar sobre o assunto. E se paro pra falar, antes de juntar as palavras logo vem o choro preso na garganta que faz o nó desatar e desarmar as minhas tentativas de segurar e tentar me explicar. Sem explicação, que me entenda pelos meus sinais e atalhos, caso contrário que dê meia volta e desista de me montar, já que sou o tipo de quebra-cabeça que sempre tem uma peça na qual você passa horas tentando achar o lugar certo para encaixá-la.

Falo que amor assim como outros sentimentos, também, me cansa às vezes. Cansa a abundância que decorre nos meus atos e palavras, que ofusca a razão por muitas vezes e me faz ser refém da tamanha grandiosidade que tem. Não que seja algo ruim, pois apesar dos apesares de se amar, esse é um dos sentimentos - raros - que ainda no mal da sua existência consegue obter tudo o que há de bom. E sim, não culpo o sentimento em si por também trazer de brinde as pragas que o sabotam, e sim as pessoas por quem cultivamos tal sentimento. E esse é o sentimento no qual eu mais sinto, mais se impregna dentro de mim e se intensifica. E por se hospedar tão reciprocamente em mim, trás consigo em algum momento a tona as pragas que vêm junto. Da tristeza dos fins dos dias, saudade. Amor que se tranforma e o amor que se intensifica com o tempo. Amor é o complexo mais vantajoso que há de aparecer na vida de alguém, e ele que me acompanha e se abriga em mim, estica tudo o que contém pra me fazer sentir o dobro que se pode sentir, só por eu ter essa ousadia e coragem de sentir mais do que qualquer outro sentido. Se enche, me esgota. Mas se o mal de sentir é amar demais, antes me encher com esses males do que com os ventos gélidos de ser oca por dentro sem ter o que sentir. E se sentir, somente vontade de sentir. Embora canse, prefiro sentir do que ficar na vontade. E se a consequência de sentir demasiadamente é me sobrecarregar e abrigar quaisquer tipos de sentimentos em mim, então me submeto a essas cargas. Requer muita coragem, muita força. Todos os dias. Acredito que viver é se sobrecarregar de sentimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...