sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O meu cara

Criatura desenhada minuciosamente e detalhadamente tanto interna quanto externamente pelas mãos abençoadas do meu bom e justo Deus; que sorria enquanto emburrada lá estava eu a esperá-lo sem saber. Sem saber que ele seria assim, a melhor parte espelhada de mim. Do tipo que passa por você e solta no ar o perfume masculino que entranha nas narinas e deixa a desejar fungá-lo por bastante tempo. O olhar convidativo de quem quer uma conversa - ou algo a mais - e o sorriso desenhado na face com um leve tom de ironia permanente, como se ele soubesse sempre de tudo ou finge saber por conveniência. É inteligente, daqueles que além de possuir beleza e alguns músculos aqui ou acolá definidos, também sabe usar o cérebro que tem sem superficialidade: com cautela, sensatez e esperteza. Arranca uns suspiros por aí das gurias, as faz desejar tê-lo pelo seu estereótipo, na maioria das vezes, certeza. Por que não pelo cara que ele é? Por que pelos olhos, os cabelos, o corpo ou a voz? Me pergunto se fui só eu que além de tudo isso, enxerguei toda a poesia contida na beleza externa contrastando com a interna que ele tem. Dificilmente essas o ganhariam, digo, de tê-lo ao lado quando a carência batesse e precisasse de uma base para se encostar um pouco e ter uma conversa sociável. Conversa espontânea, gostos em comuns: de música à estilo de vida. 
É comunicativo, interativo e excêntrico, gosta de livros e conhece bons filmes. Gosta de sair com os amigos, talvez um barzinho ou uma festa badalada, e bebe socialmente, mas sem exagero. É daqueles bem vaidosos - do tipo metrossexual, mas não esconde que é homem com H maiúsculo -, faz parecer que gosta de se exibir, e cá entre nós, acredito que ele goste mesmo. Embora ninguém enxergue as tantas qualidades e os mais simples detalhes que ele adiquire - até mesmo os defeitos mais indestacáveis, que só prestando muita atenção se percebe -, ele é o cara mais doce que já conheci. Verdade mesmo, daqueles que daria certo para o papel do protagonista de uma novela ou um romance, o mocinho de bom coração apaixonado e de caráter exemplar. Não seria sem sal, pois não posso deixar de citar o que ele também possui: uma doçura meio amarga, o tempero apimentado que não pode faltar no rapaz que ele é. Não o vejo como o vilão, embora tenha certa malícia nas coisas que pensa e faz - natural de todo ser cujo sexo em principal seja o masculino. Tem o jeito certo de ser errado, algumas vezes.
Penso que não exista alguém nesse mundo que o veja da maneira como eu o vejo. O jeito dele, os jeitos, as formas de me despertar internamente. Não, ele não é perfeito, mas sou suspeita pra falar que talvez esteja perto ou no caminho. Não sei se o único a ser do gênero classificável na minha admiração e respeito, mas por enquanto o único que conheci ser tão homem a ponto de largar todas as outras mulheres para se dedicar a uma só e ainda fazê-la ser só do tal. Não é perfeito, e não teria graça se fosse. Mas é assim, um cara apresentável e de bom porte, em todos os sentidos, ângulos ou o que achar melhor. Ele é. Não sei o que ele tem, mas tem. A pegada na cintura que segura e não deixa cair ou escorregar; tem pulso firme. O arrumado de cabelo que prende a minha atenção e a voz de sono que me derrete. O sorriso, Deus, que sorriso é aquele? Eu não sou de bajular ninguém, mas ele me faz agir assim às vezes. Digo que ele é lindo por completo, tudo bem, eu deixo que ele tenha um minuto de gabação, eu deixo... Falo que ele é todos os personagens que admiro e idealizo em um só, e ele se garante que sim. Sabe que sim, acho que não sei mentir ou disfarçar o que ele representa. É um perigo, também. Perco meu controle total e em um instante, lá está ele sabendo tudo de mim. Pura injustiça; e ainda nem pra usar alguma modestia pra não me deixar sentir culpada em me revelar tanto involuntariamente. Me entrego.
Tenho a imprensão de vê-lo em tudo quanto é lugar que passo: no cara do metrô das duas; dirigindo o carro que passa por mim; me encontrando tão pequena em meio a multidão das avenidas; nos vendedores das lojas que entro; nas piscadelas dos balconistas de mercadinhos. Ele está em tudo o que vejo, ou será que está tão dentro de mim que transborda? Não sei se devo dizer que ele é o cara certo, mas é o meu cara, de um jeito meio torto (assim como eu, que coinscidência!), mas analisando tudo o que ele causa em mim, incluindo tudo o que possui, ele é a minha pessoa; sendo certa ou não.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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