quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Tumulto emocional

Pouca gente - ou quase nenhuma - sabe que geralmente pra não magoar solto verdades em tom de eufenismo e só quando já não me cabe mais guardá-las consequentemente acabo metralhando meio mundo ou simplesmente, explodindo internamente. Sei que certo seria eu dizer que me coloco em primeiro lugar antes de tudo, que me amo e que priorizo os meus interesses, mas parcialmente eu estaria enganando tanto quem está lendo, quanto a mim mesma. Me divido em três partes durante o dia: de manhã, faço que além do rostinho de boneca (segundo o que dizem), nenhum problema a não ser as tarefas escolares que me torram a paciência e tendem a aumentar a minha indisposição matinal me ocupa a vida; ouço desabafos alheios e me vejo vivenciando problemas dos outros, quem sabe até sentir em parte o estresse embutido no contar de cada história, pois, embora me nomeiem a tagarela do grupo, falo de menos sobre muitas coisas (talvez ninguém saiba quase nada sobre o que eu guardo por dentro e não mostro nada por fora, escondo por segurança, na maioria das vezes). Costumo ouvir, ouvir, e ouvir. Durante a tarde, tento me distrair pra não deixar a cabeça cair em devaneio e desencadear as paranóias que possuo e confesso ser absurdas. Gente assim que sente demais, quando se distrai ou se pega na paranóia é um perigo, ao menos acho ser perigoso imaginar tanta coisa sem sentido algum. Durante a noite deixo o peso do dia corrido (ou quando monótono, ainda sim pesado) no chão do banheiro a escorrer pelo ralo quando ligo o chuveiro pra descarregar a tensão sobre os ombros e também sobre a cabeça; deixo as gotículas deslizarem sobre o meu corpo, pra quem sabe, dissipar os resíduos impuros das más energias que, também, me atingem. E quando sinto algo de errado comigo ou com algo que eu tenha feito, me fazendo imaginar catastrófes pessoais (mais necessariamente perdas), tendo a ficar de um estado melancolicamente quieto por fora - e inquieto por dentro -, como se tudo se revirasse dentro de mim causando alvoroço emocional. É uma bagunça que ninguém é capaz de entender, um medo misturado com adversas sensações que me fazem querer abrir um zíper e sair fora do meu corpo pra ver se diminui essa febre de sentir. É isso que dá sentir demais, esperar demais, idealizar demais. Como dizem: a gente também se fode demais. Me desdobro pra ir acodir quem precisa, quem quer se apoiar em algo, lá vou eu me deixar de segundo plano e invisibilizar meus conflitos emocionais. Pergunto: e quando eu que tô em apuros, cadê quem abra mão das próprias frustrações pra me acodir? Ainda que alguém apareça, sinto necessidade de conforto pra chorar as mágoas e descarregar tudo no ombro de alguém sem que pareça enchação de saco ou incômodo. Minhas insônias aos finais de semana na frente do computador me deixa cheia de palavras pra desacarregar nem que seja no bloco de notas, mas as ideias não se colidem - ou quando o fazem - se confudem me deixando desnorteada e sem capacidade de digerí-las de modo com que eu consiga expressá-las nas linhas do espaço em branco. E se começo o rascunho, logo vem um branco me travando e impedindo de concluí-lo: frustrante. Pra quem tenta (raramente) entender o que se passa comigo quando quieta ou estravagante demais, é preciso saber de dois requisitos recentemente descobertos - ou admitidos: Primeiro, eu não sou tão forte como tento mostrar. Segundo: É bom saberem disso, pois, sou tão humana que nem tudo é relevante e sim, me magôo com muita facilidade.
É o celular no vibratório que não vibra, tampouco mensagens recebidas, muito menos contém chamadas perdidas. Eu sei, não devo cobrar nada. Ou talvez deva, mas o que não permito é engolir o orgulho e pedir por algo que deveria ser oferecido para minha surpresa e como quem necessita dessas oferendas, aceito em júbilo. É segurar minha mão pra transmitir de leve um certo arrepio do fio de cabelo até a ponta dos dedos: eu gosto. É beijar o topo da minha cabeça quando em ternura me tem nos braços: vou me assegurar de que não estou enganada em confiar. É o conversar em silêncio que me fará entender todas as palavras pré-ditas, como se por ventura eu traduzisse as batidas ora-depressa-ora-lenta do coração no peito apoiando a minha cabeça.
É a sexta feira sem nenhum programa marcado, me encontro imersa à saudades distantes próximas de mim e a nostalgia - tediosa - de não ter o que fazer. O pensamento involutariamente distante, ligado naquela pessoa que não se encontra por perto; trás falta. É inconstância, o desconforto de se habituar entre tanta gente que fala de tudo mas que não entende de nada. Sentir-se deslocada, venho enfrentando esse tal lema. É não conseguir me agrupar a gente que só sabe prestar atenção em futilidades. Talvez eu seja assim, instável, mutável, inconstante. Como quem precisa sempre de novos habitats, a única estabilidade que venho precisando e sei que não é permitido mudar ou alterar, é a do meu coração que nunca deixa de sentir, nunca deixa de esperar, de recomeçar e de amar quantas vezes forem necessárias.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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