sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Depois dos sonhos

Essa noite eu tive um sonho; não sei se foi porque de tanto que eu pensei em você sonhar foi consequência, ou se foi mais uma das formas que colecionei de trazer você pra mais perto de mim. Percebo que fugir de um pensamento já significa estar pensando mas querer evitar pensar que está pensando, o que me leva a concluir que fugir de você é um tanto complexo quando você já se tornou - minuciosamente - um círculo vicioso no qual pra falar a verdade, eu gosto. Aquele vício que alimenta, e faz até um bem: pro coração, pro ego, pro bem-estar e tudo o que vier junto; faz bem. Aquele vício que não destrói, não diminui; tende a completar, complementar e preencher quaisquer que seja os espaços vazios de uma vida. Amor pode ser mesmo uma droga, mas quem nunca já experimentou uma dose que atire a primeira pedra, e confesso que não só experimento todo dia como sou suspeita pra falar que me submeto à ele sem resistência. Me entrego, me rendo e me jogo. Se eu caio, a queda vale quando se tem alguém para curar a ferida com algum esparadrapo com direito a beijinho e mimo se preciso.

Tive um sonho, mas não de olhos fechados - embora também inúmeras vezes você tenha aparecido e reaparecido neles sem esforço algum - abertos, nos pensamentos, construí você de um jeito que acredito eu, ninguém antes já construiu. Sonho esse que caracterizava-se por desejo ou necessidade de te precisar. Criei o hábito de te encaixar na minha vida antes mesmo que você tivesse batido na minha porta, pedindo abrigo e sem que eu me desse conta foi entrando na casa e no coração. Fantasiei aquela conversa no fim da noite estendendo pra madrugada, você colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, achando graça na minha completa timidez e apertar minhas bochechas coradas com o seu olhar tão fixo sobre mim. Superticiei a hipótese de que o sonho que eu tivera com você fosse aviso, presumindo que logo você tomaria seu lugar que não poderia ter sido preenchido por qualquer que fosse outro; venho acreditando nisso cada vez mais e concluo que era pra ser você. Me pego na calada da noite querendo ouvir sua voz rouca de sono, é amor? Se aquele frio que dá na barriga e sobe pro topo da cabeça quando ouço seu nome por aí e a vontade repentina de te ligar pra dizer que quero te ver de qualquer jeito não for amor, não sei o que pode ser. Que me ligar aos seus pensamentos involuntariamente e me deixar levar pelo vício que cresce e se alimenta com a sua presença vem tornando mau esse costume que pegamos em não deixar passar em branco o dia sem algum telefonema, ou alguma mensagem no celular, ou presença do corpo físico quando dois dias é demais pra nos conectar só pela alma e pelo coração, chega a doer a saudade que dá e a falta que faz um ao outro.

Dói porque assim como vício de droga, a abstinência invade quando você não está por perto; que se contentar só com o contato virtual ou qualquer que seja o meio que não seja com você presente não se torna mais aceitável e faço birra como menina teimosa que sou e planejo fuga pra te encontrar de qualquer jeito pra alimentar mais um pouquinho esse vício que você é pra mim. Que nenhum frio chega a ser pior do que ficar uma noite sem te ver, pra me aquecer; não funciona me agasalhar com tudo quanto é trapo se o único capaz de dissipar todo o frio que sinto é você e isso é verdade. Verdade verdadeira, digo porque essas noites vêm tornando-se cada vez tão mais frias quando você não está por perto. E mirabolo planos de escapar pra me refugiar em qualquer lugar, contanto que tenha você e nenhum frio possa me fazer arrepiar senão você beijando minha nuca e rindo da ponta do meu nariz avermelhado. E quando não vejo nenhum outro meio que traga você, deito a cabeça no travesseiro fingindo ser teu peito, e fecho os olhos pedindo baixinho pra que você venha me encontrar depressa.

Que bom que é a sensação de sentir você mesmo quando está longe, fora do meu alcance. Que bom é sentir as borboletas no estômago quando paro pra reviver algum dos nossos momentos, e a cada lembrança um sorriso que denuncia: eu amo mesmo. Que bom saber que, apesar da noite, surge sempre um outro dia, uma outra oportunidade. Mas, em principal, que bom saber que mesmo depois dos sonhos, você permanece mais próximo de mim e me faz sentir isso, e peço durante a noite: que seja doce, que não se acabe. É sonho sim, não daqueles de quando eu durmo; é sonho, daqueles que realizamos todos os dias um pouquinho cada vez mais.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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