sábado, 16 de julho de 2011

O que eu quero acreditar

Acredito em muitas coisas, até mesmo nas coisas que não poderia em hipótese alguma acreditar; mas acredito e admito que o gostinho amargo por acreditar demasiadamente às vezes me faz ser merecedora de algumas decepções do tipo: "ah, não foi como imaginei, mas acreditei tanto". Digo que essas minhas crenças me iludem, elevam minhas expectativas sim, e chego a rejeitar o fato de que por vezes meus pés ao chão não conseguem segurar minha cabeça tão avoada por sonhar alto demais. Sinto aquele gosto de criar formas inexistentes, situações inusitadas, surpresas inesperadas e telefonemas no meio da noite. Por noites a fio (e também dias, tardes, madrugada à dentro) arquitetei acontecimentos por acreditar que se eu me agarrasse à eles, pudesse fazê-los se concretizarem de algum jeito; qualquer jeito que me fizesse sentir extraordinariamente realizada. Deposito toda a fé que tenho quando quero acreditar em algo. Levando em consideração que não só nas coisas, também costumo acreditar nas pessoas. Não sei se acredito tanto quanto deveria, mas acho que de tanto desacreditar de muita gente, aquela história de acreditar mais na mentira e desconfiar da verdade me atinge, lamentável. Mas isso acontece por acreditar de mais e ter resultados de menos. Sempre fui muito de acreditar nas histórias clichês que costumava ler no fim da tarde. Acreditava que personagens de ficções poderiam entrar em algum momento inesperado - nem tão inesperado quando quem anciava e esperava era eu - na minha vida quando eu estivesse agarrada de olhos fechados na ilusão que montava na cabeça. E ouvia as pessoas me rotularem de iludida à louca, e confesso que me divertia esses comentários e me fazia ver que enquanto muitos por fora eram cheios de saideiras rotineiras e relacionamentos social estilo montanha russa acompanhados de muita instabilidade e mesmices, talvez eu fosse a iludida solteirona que ao menos por dentro era cheia - mesmo que cheia de vazio ou ilusões alimentada pelo fato de que, eu acreditava muito. Embora não fosse cheia de caras na minha porta, alguns ali ou outro acolá, me contentava apenas com os caras fictícios que ora ou outra preenchiam minhas horas em que eu esperava por algo que não sabia exatamente o que era. Mas aconteceria, porque eu acreditava. Acreditava em estrelas cadentes, soprava dente-de-leão após fazer um pedido, apelava sempre para hosróscopos e me consolava em saber que por acreditar demais talvez fosse possível ver minhas expectativas no amor e na vida se realizarem enfim.  
Acredito que eu seja um pouco à moda antiga com um toque da modernidade dos dias atuais. Acredito ser independente, desde sempre. Nunca fui muito de depender de ninguém, e me enxergo muitas vezes fazendo as coisas mais loucas, sozinha; não vejo ninguém à ponto de se jogar de um bang-jump comigo disposto a não se importar se ao cair tudo dê errado e a morte esteja na queda esperando. Ou saia no meio da rua tocando a campanhia de alguma casa por aí só pra sentir a adrenalina pulsar no corpo pra não ser descoberto. Um tanto infantil, é verdade. Mas acredito que às vezes ser um pouco louco faz bem, sem dizer que louco morre de tudo, só não morre de tédio. Acredito que se der na telha, fazer as coisas que queremos por impulso não seja muito recomendável, mas pode trazer muito prazer, ou fazer a gente simplesmente se foder depois. Mas ainda assim, se a coisa foi radical o bastante pra acabar em uma boa história pra contar depois, pode ser que não importa o quão louca e incosequente foi, sei que valeria a pena voltar um pouco no tempo só pra descrever o que se sente. Acredito em outras vidas. Acredito em biscoito da sorte, embora sorte ainda não seja lá o primeiro requisito a explicar um fato grandioso à nosso favor. Azar nem se fala. Acredito em destino, e no quão irônico e sacana ele pode ser. Esse sim pode ser a sorte maravilhosa ou o azar indesejado. Acredito em filmes melosos, em serenatas no pé da janela, em juras de amor e certezas do coração. Se bem que, coração é coisa engraçada, confusa e um pouco inconsequente. Mas quando se tem uma certeza, coração com seus pesares não se engana; acredito eu. Quero acreditar que meus medos são só medos. Medo de perder o que eu gosto, o que eu prezo com carinho (ou com nem tanto carinho assim), mas ainda sim seguro firme no peito, como quem aperta travesseiro na ausência de abraço ou corpo físico a fim de se chocar com a gente. Acredito que minhas inseguranças são só fantasmas que por hora me assombra. Acredito que minhas ilusões ainda tendem a se tornarem reais, mas também tendem a me dar o gosto amargo do "eu só me iludi". Acredito que independente das quedas, o que vale é sacodir a poeira e se levantar. Quero acreditar que no fim do dia receberei sms's de preocupação, ou simplesmente um lembrete de que no meio de tanta gente, existe alguém em especial que lembra de mim a todo instante, com um sorriso espontâneo no rosto. Quero acreditar que, se eu olhar para o céu numa noite estrelada, alguém estará fazendo o mesmo, ciente de que, embora estejamos separados fisicamente, existirá força maior que nos une debaixo do mesmo céu. Quero acreditar que nos meus piores momentos, aqueles que quando eu não tiver mais aguentando - a ponto de cair -, alguém se atire no chão só pra me segurar, ou que caia junto comigo. Quero acreditar que quando a insegurança me assolar, alguém aperte minha mão dizendo que não há porque me sentir assim. Quero acreditar que terei um peito pra encostar sempre, e que o sentimento de estabilidade e conforto seja mútuo. Quero acreditar que terei surpresas em um dia comum, que existe alguém capaz de fazer loucuras por mim. Quero acreditar que serei a causadora da insônia de alguém. Quero acreditar que existe alguém que se importa, e esteja disposto a cuidar de mim com direito a mimos e paparicos. Quero acreditar que existe alguém que saiba tudo sobre mim, que conheça meus defeitos e ainda assim continue me amando por eu ser desajeitada; orgulhosa por querer estar certa mesmo quanto estou completamente errada só por não querer perder a razão, mesmo não a tendo e que me aceite mesmo assim pra dar um jeito nisso. Quero acreditar que existe alguém que adivinhe meus pensamentos sem eu precisar falar, e que perceba quando eu estiver precisando de um abraço pronta pra desmoronar. E se não tiver nada que possa frear minhas lágrimas, que a presença faça com que eu me sinta amparada pelo menos. Quero acreditar que esperei por aquele que também estava esperando por mim. Quero acreditar que não haverá mentiras, que não confiarei em uma e não desconfiarei da verdade dessa vez. Quero acreditar por fim, que tudo o que eu acredito, de algum jeito se torne real o bastante para que eu não desista de continuar acreditando.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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