terça-feira, 21 de agosto de 2012

Mais uma de amor


Ele disse que já tinha desistido de todas as garotas pela mesma razão em que eu desisti dos caras. Ninguém mais valia a pena, por que eu buscava sempre uma desculpa para continuar acreditando que alguém me faria lutar de novo pelas borboletas no estômago? A minha vida não era tão ruim quanto pareceu enquanto eu contava pra ele as minhas confusões e causas por ter escolhido ficar comigo mesma. Talvez eu tivesse o assustado, coitado. Eu nem percebi que dentro de algumas semanas, duas ou três, lá estava eu, dividindo problemas familiares com ele enquanto caminhávamos para o metrô. O jeito que ele falava, sorria fraco entre as palavras, parecia que nos conhecíamos há anos. Aí eu percebi que gostava de conversar com ele e quis deitar no colo dele toda vez que os dias me pareciam insuportáveis. Não tinha nada que ocupasse mais a minha cabeça do que as sensações que sentia quando estava perto dele, e longe também. Não éramos tão opostos, mas nos atraímos mais do que era evidente. Me diz se eu tinha chance de escapar? Não, eu não tive. Não tive sequer alguma resistência para tentar me defender, ele não deixou. E no fundo também eu nem quisesse cair fora. Era bonito a ideia de me encher com a alegria de acordar e ir dormir pensando nele, ao invés de me sentir sempre tão vazia. Acho que ele acabou por despertar as borboletas que haviam morrido junto com a minha esperança de encontrar o amor da minha vida no metrô ou num ônibus. Até contei isso para e ele e acompanhei a risada dele, depois fiquei séria só prestando atenção no que ele dizia e quando puxava o "S", o que acho adorável. Dividimos os nossos anceios, segredos e descobrimos os nossos defeitos e até contei que me emocionei ao ver um casal de velhinhos sentados no banquinho do parque em frente ao lago. Eu sei, sempre fui mesmo careta, de chorar com filmes e sofrer pelos protagonistas. 
De tanto nos dividir, acabamos por dividir também um amor que, por Deus, como é imenso. Ele até me disse que é maior que o universo, me fez sorrir e acreditar que devia ser mesmo. Mas ainda fui um pouco insegura e quis ter certeza de que eu não seria mais uma, ele poderia ter feito mil juras, mas não... O moço me surpreendeu ao fazer eu me sentir mais mulher e menos menina. Parecia que todas as outras que passaram pela vida dele desapareceram porque, sem querer me gabar, mostrei pra ele que nenhuma outra seria necessária. E também não seria necessário ele ter tudo o que os outros caras exibiam na tentativa de chamar a atenção de uma garota. O mais importante ele conseguiu, digno de um homem, conseguiu um amor que não dá nem pra contar. O importante é o que ele conseguiu por próprio mérito, disso eu sinto orgulho. Depois que o conheci tentei achar algum traço dele semelhante em outros rapazes, mas me dei conta de que ninguém teria o que ele tem: todo o meu amor. Percebi também que gostei mais dele do que comer cookies com batata palha, do que churros de doce de leite com amendoim e dos bolos de aipim que a minha mãe sempre comprava na padaria. Me apeguei fácil, foi rápido e a curto prazo. Todos temos direito a uma segunda chance, não é? Ele disse que sim. Então é isso: a gente primeiro quebra a cara e desiste da luta, depois se surpreende e sente que vale a pena a conquista. Cilada essa da vida que me fez cair de novo, só que me fez cair logo em cima dele. Eu o escolheria até mesmo se ele não tivesse dentre as alternativas, ainda sim o escolheria. De olhos vendados, eu escolheria. Se vai durar uma noite ou uma vida... sei não. Mas que a despedida seja por pouco tempo e que pelo menos uma vez na vida o pra sempre se faça existente. Fomos feitos pra ser e nunca mais deixar de ser: loucos um pelo o outro.

1 year and 3 month.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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