sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Sexo nem tão frágil assim

Ao ver a imagem dela desfilando pelas calçadas do bairro, da cidade ou de qualquer lugar que ela passe, não cogita o quanto aquela moça se esforça apesar das tarefas domésticas em casa pra ajudar a mãe e se multiplicar nos demais outros afazeres do dia a dia - principalmente os de manter a feminilidade - pra que mesmo assim, não desça do salto, não faça feio. Aguenta tudo, aos puxões, sendo repreendida pela distração e até reclamando vez ou outra - ou quase sempre. Se vê na obrigação de provar a muitos homens por aí que diz ser fácil levar uma vida de mulher, moleza. Que só nos preocupamos em perder tempo fazendo caminhadas pelo shopping, torrando o dinheiro deles. Passando horas no salão, falando da vida alheia e lendo revistas de famosos - isso quando não falamos mal do sexo oposto. Que não tem necessidade em passar tantas horas se enfeitando só pra ir à um jantar, uma vez que eles em menos de trinta minutos estão pronto, a nossa espera. Que lugar de mulher não é pilotando carro, é pilotando fogão. E como se não bastasse o cúmulo do machismo, pilotando fogão pra eles. Menosprezando a capacidade feminina em fazer tarefas que os homens fazem, por exercerem mais força, e pensando dessa forma, inteligência mínima. Desgostam nossas manifestações ao rebelar um pouco mais de atenção, e sensibilidade da parte deles. Se atrevem a declarar que TPM é frescurite e que usamos o - horrível - fato para agirmos de tal maneira que possa culpar a maldita fase. Que dramatizamos tudo e transformamos A em Z. 

Antes fosse viver na moleza de ser mulher. Requer esforços, dia após dia; conviver com as próprias loucuras diárias, as paranóias e neuroses, frustrações e, também, inseguranças. Eles não pensam que, quando passam horas no salão, não vão a fim de ir somente bater papo com as amigas e fofocar a vida alheia. Na maioria das vezes, vamos nos cuidar e ficar impecáveis para eles mesmos. Se fazem caminhadas em shopping, é pra comprar roupas novas, sapatos, bijouterias e afins. Passa um sufoco na hora da depilação à cera quente, pra deixar a pele mais macia possível; se hidrata, se maqueia, se perfuma e se produz pra que, quando chegasse o dia tão esperado do encontro com o moço, fizesse bonito na frente dele e fazê-lo perceber o quanto valeu a pena esperar o atraso dela. E o mínimo que deseja ouvir como recompensa de tanto esforço é que está incrivelmente linda e é ansiada a companhia dela, também. Sentir isso nas palavras e nos olhos do rapaz, pra que o sofrimento básico não seja tão em vão assim.

Não é fácil ter que conviver com a cólica menstrual triturando por dentro, aguçando ainda mais a sensibilidade e elevando a vulnerabilidade ao extremo; o estresse facilmente ativado. Ter de aturar as cantadas baratas dos homens maldosos e pervetidos e as comparações com outras mulheres mais "recheadas"; vendo-os muitas vezes tratá-las como se fossem carne, objeto ou passatempo. As que conservam seus verdadeiros valores - tão poucas, raras - só querem acreditar que ainda - mesmo que difícil - existe cavalherismo e romantismo nos verdadeiros homens que, hoje em dia, andam em extinção. E eu pergunto, cadê homem que faça jus à sua espécie? Cadê homem que faça diferente, que seja diferente e prove que nem tudo está perdido? Feliz é a mulher que tem seus esforços reconhecidos, e é recompensada por cada um deles. Que ganha toda a segurança e confiança de um homem, e que pra ele, em hipótese alguma, traição esteja em cogitação; que seja de uma só, preservando o bem precioso que é a construção da relação. Porque, pra mim, homem quando quer e gosta - de verdade - aguenta as crises, as manias, as reclamações e principalmente não larga por nada, nos momentos de tristezas.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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