domingo, 18 de setembro de 2011

À querida, futura eu

O corte de cabelo, talvez a cor. Provavelmente não serão os mesmos, embora às vezes eu não goste muito de arriscar mudanças radicais no cabelo. Mas sei que como na maioria das vezes acontece de eu mudar constantemente de opinião (não que eu não tenha palavra, ou não saiba o que eu quero, mas ter a mente aberta pra novas opções sempre foi um aspecto positivo pra aceitar algumas coisas - pelo menos comigo é assim) pode ser que eu corte o cabelo bastante - como fiz da última vez - ou que eu o deixe crescer bastante e experimente realçar um pouco mais o castanho. Afinal, cabelo cresce, é pintável e caso eu não goste, dá pra arrumar um jeito que o faça ficar razoável ou ao meu gosto. O cursinho concluído poderá trazer bons resultados para que eu não fique sem fazer nada de útil da vida. Ao menos um emprego irei arrumar para alimentar minhas necessidades materiais. E claro, como não poderia ser diferente nem agora nem daqui as próximas décadas, independência é o meu forte e teimosa que sou e não há nada que mude isso, dar um jeito, se virar sozinha é um ponto forte na pessoa que sou. E o orgulho? Falando em dar jeito nas coisas, é bom eu pensar nisso: ser menos orgulhosa. Não que eu tenha que descartar esse meu aspecto um tanto áspero, não sei se devo rotulá-lo como defeito ou qualidade, eu diria que todo esse meu orgulho nato que eu carrego comigo seja só meu jeito mesmo de ser. Meio torta, meio complexa, contraditória até, mas meu jeito. E não há como dizer se conseguirei agradar tantinho de gente sendo assim, e peço desculpas por vezes, embora não deva me desculpar por ser quem sou. Se tenho a proeza de criar laços nem que seja com meia dúzia de pessoas, essas eu guardo numa caixinha e acredite quem quiser, eu não as tiro de lá mesmo que algum dia elas não me suportem mais e vão embora. Mas ficam, dizem adeus - ou não dizem - e ficam: dentro de mim, arrancam um pedaço de mim; como se tivessem o direito de me largar. Eu que preciso praticar o desapego, me apego ao primeiro que consegue despertar em mim afeição mútua. 
Às unhas sempre admiradas e possivelmente invejadas por serem de tamanho grande modelo quadradinha, não posso me esquecer de acrescentar à minha enorme lista de não-afazares não descascar os esmaltes quando por descuido uma minúscula parte descasca e impaciente, acabo tirando tudo dispensando acetona. Digo: pra quê? É mais prático usar o dente como terapia de ansiedade e descontar nas unhas. Uma mania nada elogiável e de um relaxo tremendo. E tem aquele livro no qual eu vivo jurando terminar - ou começar - ler amanhã mas esse amanhã se mescla com o próximo amanhã que me faz esquecer e acabar deixando de novo pra amanhã e esse amanhã se torna uma enrolação que só pelos céus; também preciso dar um jeito nisso. Tratarei de escrever em bilhetinhos lembretes de tentar não esquecer de anotar os recados telefônicos, e perder com menos frequência as minhas coisas. Não devo me preocupar com as mudanças que virão nos próximos anos, ou com as pessoas que perderei no caminho; as que se afastarão, as que vão trilhar outros caminhos e as que não precisarão tanto de mim. Vai doer, eu sei, mas a gente acaba se acostumando outra vez. E tem também as pessoas que conhecerei, os novos lugares que frequentarei e a pessoa que me tornarei. Acredito eu que, com a mesma essência, mas como é lei: mudar também é preciso. Àquele cara por quem sou apaixonada hoje e faço preces todas as noites para que dê certo e me acompanhe no futuro previsível, sei que as coisas ficarão difíceis algumas vezes, haverá muitas brigas, muitas desavenças, controvérsias e pode ser que por algum momento de raiva ou chateação um de nós chegue a pensar em desistir. Também dói pensar por esse lado, as possibilidades que poderão também, nos afastar. Dói muito. Mas também poderá ser que o amor revigore, renove e nos faça querer recomeçar outra vez com as reconciliações e as desculpas sinceras. Eu espero que não acabe isso que acreditamos ser amor, pois, não conheço ainda amor que veio a acabar. Digo amor de verdade e é desse amor que eu tô falando que quero pra minha vida: inacabável, cheio de apesares, porém tudo suporta. 
Quanto aos planos, pode ser que alguns eu concretize, e outros eu acabe mudando. Pode ser que planos não venham a funcionar muito comigo por acontecer de dar mais certo as coisas não serem planejadas; de surpresas, contanto que sejam boas, são bem vindas. Pode ser que eu faça uma outra faculdade e não saia da casa dos meus pais quando for maior de idade; a não ser quando eu tiver pra casar. Aos sonhos, não posso me esquecer de continuar sonhando, mesmo que sejam sonhos absurdos, ainda sim manterão minhas asas para que eu esteja sempre livre pra voar dentro de mim. Que eu não perca meu otimismo mesmo nas horas ruins; será dele que mais precisarei. Que eu tenha sempre um colo pra acolher a menina sensível - apesar de forte - que sou e sei que serei. À Deus, entrego minhas escolhas, aceitarei as situações acreditando que Ele tenha algo melhor pra mim. Aos velhos amigos, muitas saudades. Aos recentes, o desejo de que não saiam da minha vista. Que eu tenha mais fé em mim mesma, nos outros e nas coisas. Que meu jeito, mal jeito ou falta de jeito, conquiste e me traga espaço em corações alheios. Que eu tenha mais levesa, menos estresse. À minha querida futura eu, deixo o seguinte recado: andar pra frente, seguir em frente, independente de qualquer coisa. Quem sabe eu esbarre em coisas boas nessas minhas caminhadas.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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