domingo, 19 de junho de 2011

Um único pedido

Ela apertou forte a sua mão como se seu único desejo fosse que ele estivesse ali, sempre ao seu lado, e não fosse embora nunca mais. Talvez o desejo dele também fosse o mesmo, uma vez que ele também segurava a mão dela com força, como se tudo o que bastasse fosse estar ali, segurando-a firme para que não escapasse. Entrelaçaram-se seus pés, ela deitou sobre o peito dele para ouvir melhor seus batimentos cardíacos; e pôde ouvir seu nome sendo chamado pelo coração dele. Ela podia ouvir isso claramente, e sequer precisava ouvir palavras para saber disso. Ela só sabia, e se contentava em saber que aqueles batimentos acelerados era causado por ela. Sob aquele manto de pontinhos faiscantes onde milhares de pedidos, preces e desejos eram feitos para estrelas, anjos ou quaisquer que fosse a crença que pudesse realizá-los, ela não pedia nem desejava muito. O pouco que desejava já era o suficiente: que aquilo nunca acabasse. Seus pensamentos vagavam apenas na lembrança de que ele era seu personagem real, e que era engraçado; o nada de repente havia se tornado tudo. Essencial. E chegava a ser mágico a ligação que ambos tinham, a reação dos corpos quando se tocavam, e a conversa no olhar. Podia senti-lo até mesmo quando não estava por perto, e mesmo longe, ele sempre estava presente: dentro dela. Embora o silêncio sempre a incomodasse, agora o silêncio é o que mais a conforta, pois sabe que é no silêncio que as melhores conversas são trocadas por eles dois. O silêncio é a ligação que ambos têm para saberem que suas vontades são as mesmas, como se não precisassem dizer algo para ser entendido. Eles só sabem. E aproveitavam cada segundo como se fosse o último, pois sabiam que a hora da separação doía intensamente até a hora de voltarem a se encontrarem novamente. Sempre assim, a vontade e a saudade desesperadora e constante que tinham estavam presente até mesmo quando estavam juntos. Que estar juntos já havia se tornado necessidade, e até em sonho se encontravam depois de passarem algumas horas no telefone mesmo quando não tinha mais assunto, e ouvir a respiração do outro lado da linha já era o suficiente. Que eles foram feitos um pro outro já não tinham vestígios de dúvidas, era tão claro e evidente quanto o fato de que um sem o outro se tornava incompleto e sem graça. Que ele precisava de um colo, de um cafuné e não podia vir de qualquer uma; somente dela. E que ela precisava cuidar, guardar e amar, mas não qualquer um; ela só precisava amar ele. E quem podia dizer que não daria certo se só os viam por fora? Porque eles riam com os comentários alheios a respeito de que tudo não passava de um caso qualquer. E sentiam dó, de saberem que eles nunca entenderiam o que se passava dentro deles, e nunca vão entender. Não precisam entender; eles se conhecem, se entendem. E ao fechar os olhos com o sopro do sussurro ao pé do ouvido: "dorme, e sonha comigo", ela pegava no sono e no embalo da paz que sentia ao estar ciente de que iria de fato, sonhar com ele. Mas mais do que isso, ela sentia-se extremamente em paz era ao abrir os olhos e vê-lo ali, depois de uma noite de sonho, ao lado dela. Com bandeja, café-da-manhã completo e com direito a beijo e tudo o que viesse junto. Estava em casa, estava com ele. E na noite que se seguiu, para a estrela mais brilhante que avistara no céu, seu único pedido foi que tudo aquilo que teve um começo, tivesse continuidade, reticência, algumas vírgulas, mas nunca, em hipótese alguma houvesse um ponto final; um fim.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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