domingo, 8 de julho de 2012

Um não-conto-de-fadas


Quando mais nova, naturalmente como todas as garotinhas eu assistia e adorava todos os contos de fadas. Pra mim era incrível e meu desejo era que quando chegasse a idade de me apaixonar, eu pudesse viver um romance Disney. Nessa época eu achava que crescer era isso: se formar numa certa profissão, conhecer o amor da sua vida cujo fosse um príncipe, o cara perfeito, ter dois filhos e uma casa belíssima e não cogitava nem a possibilidade de problemas. Nenhum mal existia, e que o mundo seria um lugar bom pra se viver.
Hoje em dia se eu falasse que ainda acredito, com certeza ririam de mim e com razão. Mas poxa, como pode a gente construir sonhos e planos, e com o tempo se dar conta de que não é nada disso? Eu estava errada, de tantas vezes que julguei coisas ilusórias serem certas. Não é assim que a banda toca, não. Eu fiquei triste com o choque de realidade, mas o mundo não mudaria só porque eu me enganei. 
Conforme o tempo foi passando e eu fui tomando consciência das coisas, percebi: que droga de mundo é esse que eu vivo? Pois é, também não sei aonde foi que tudo se perdeu. Mas parando pra analisar, o mundo só mudou em consequência dos atos das pessoas. Isso todo mundo já sabe, ué. Mas tem gente que se conforma em dizer que faz parte da vida, que "Deus sabe o que faz". Uma mediocridade colocar a culpa em Deus.

Um amigo meu outro dia me falou que todo mundo usa aquela antiga expressão sobre o tempo. Falam que o tempo cura, o tempo muda, o tempo trás. Não tem nada a ver com o tempo. Se alguém senta numa cadeira e lá fica por dez anos, o que vai mudar? As únicas coisas que vão mudar serão os dias, os meses e os anos. Mas e o quê mais além disso? Nada. Esse alguém só vai envelhecer e mofar lá, sentado nessa cadeira. E eu concordei com o que ele disse sobre isso. Porque na verdade, a gente tem que usar o tempo a nosso favor, e não viver dele. Não é esperar que o tempo faça milagres. Tem que ir atrás da cura, da mudança e buscar. Caso contrário, meu amigo, você tá fudido. Vai ficar sentado numa cadeira vendo o tempo passar e rir da sua cara. 

Eu não tô escrevendo nada do que não já saibam. A ficha caiu em todo mundo, aceitando ou não. Romances Disney não foram uma mentira. Acredito que em algum lugar, em algum tempo, aquelas histórias aconteceram e se não, ao menos deixou em mim o gosto de viver aquilo ou algo parecido. Não é assim que é, nem vai ser, nem espero que seja. Eu sei que vou ter que ralar e pra me formar numa profissão vou ter que enfrentar muita coisa. O príncipe encantado não vai bater no meu portão e nem jurar amor eterno. Não existe pessoas perfeitas, começando por mim, e quando a gente aceita isso, já não cobra perfeição do outro. Hoje com tantos "amores eternos" que duram alguns meses e olhe lá, penso que talvez um grande amor esteja no relacionamento cheio de provas, cheio de apesares, com o sapo, o cara mais imperfeito, mas que vai fazer a gente enxergar perfeição nisso: na aceitação, na adaptação. Antes eu achava lindo amores clichês e que a pessoa certa chegava no momento certo. Hoje sei que a pessoa certa aparece quando tudo parece estar errado, e nos surpreende. E acho lindo um amor cheio de problemas, que no fim das contas, consegue passar por cima de qualquer provação. Antes eu queria que a vida me surpreendesse e hoje, a única coisa que peço é que ela não me decepcione tanto. Antes eu acreditava em finais felizes. Hoje só acredito em finais, e ainda por cima tenho medo deles.

Um comentário:

  1. Lindo texto!! *-*
    Eu também cresci vendo filmes onde o final era "Viveram felizes para sempre" e se não fosse assim o filme era uma droga. Hoje, já mais velha e mais madura, continuo gostando dos finais felizes mas sei que algumas vezes o(a) mocinho(a) vai morrer no final, ou que eles viveram um tempo juntos mas depois seguiram caminhos diferentes. Como a arte imita a vida(ou seria o contrário), a vida também é assim. E ao perceber isso, passei a não pensar no final em si, mas no meio. Na história que aquelas pessoas compartilharam.

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"Dê atenção ao que tem sintonia com você. E toque sua vida, sem agredir."

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